09 dezembro 2005
Actualizações no novo blog Lex Fundamentalis
07 dezembro 2005
Preço da electricidade sobe
Depois do Estado afastar, pelo menos nos próximos anos, a possibilidade de instalação de uma central nuclear de produção de energia, apesar de existirem várias centrais espanholas do género junto à fronteira portuguesa. Bem por alguma coisa Portugal tem os salários que se vêem e o deficit que tem.
Segue a notícia da SIC:
«A electricidade vai subir 5,1 por cento já em Janeiro. Em média, trata-se de um aumento que corresponde ao dobro da subida aplicada durante este ano.
A justificação para o aumento prende-se com o facto dos custos de produção da electricidade terem disparado por causa da subida do preço do petróleo nos mercados internacionais. Os consumidores domésticos vão pagar mais 1,2 por cento. Para o comércio e serviços a factura é agravada 14,9 por cento. O aumento maior vai para a indústria, onde a tarifa sobe 16,3 por cento. Este aumento afecta a competitividade das empresas instaladas em Portugal. Os preços de venda da electricidade são estipulados pela ERSE, o organismo do Estado que regula os serviços energéticos.»
Ministro acha reforço normal
05 dezembro 2005
Governo disponível para melhorar protecção de dados
O ministro da Justiça, Alberto Costa, sublinhou que o Ministério da Justiça já apresentou, há alguns anos, «iniciativas (para melhorar a confidencialidade) à comissão Nacional de Protecção de dados, mas não teve reacções».
Advogados contra "prioridades"
Falência da CP é da responsabilidade do Estado, diz TC
A situação de «falência técnica» em que se encontram os Caminhos de Ferro Portugueses (CP) resulta em grande parte de sucessivos incumprimentos cometidos e emanados do próprio Estado, e que vários Governos foram incapazes de realizar em prol da empresa pública, conclui-se de um relatório do Tribunal de Contas (TC).
No relatório divulgado esta segunda-feira resumindo uma auditoria do tribunal de fiscalização, o TC reitera que a situação extremamente grave de «falência técnica» reflecte-se nos «sucessivos e substanciais défices de exploração e do elevado nível de endividamento contraído para os absorver».
No último triénio (2002-2004), a CP acumulou resultados do exercício negativos que ascenderam a 741 milhões de euros (490 milhões em prejuízos operacionais). Segundo observa o TC, os proveitos de exploração revelam-se «sistematicamente insuficientes para fazer face à pesada estrutura de custos» (os quais cresceram 11% desde 2002), não cobrindo sequer gastos como «encargos com pessoal e o fornecimentos e serviços externos».
O documento disponibilizado esta segunda-feira refere entre outras, a questão da não alteração dos estatutos da CP, indefinição crónica de metas e estratégias de gestão e não contratualização da prestação do serviço público, bem como o atraso nas transferências das indemnizações compensatórias são alguns dos cometimentos em que a tutela não cumpriu com a legislação e princípios de «bom governo» das empresas públicas.
De todas as participadas da CP (16 no total), todas (excepto três unidades de negócio) apresentaram resultados operacionais negativos, donde resulta que a empresa deve «questionar e repensar o seu modelo de organização, bem como de actuação e desenvolvimento da sua actividade, sem prejuízo das suas obrigações de serviço público, nas áreas da CP Regional, CP Porto e CP Lisboa» .
Preconizando metas de gestão que sejam mais realistas, o TC recomenda que o Estado que aprove um novo estatuto para a CP, e defina metas de gestão «realistas» que conduzam ao reequilíbrio económico financeiro da empresa «alicerçado numa progressiva independência operacional do financiamento bancário».
Fonte: DD
04 dezembro 2005
Juízes na média de "nuestros hermanos"!?
Falta de funcionários pode atrasar a acusação um ano
A falta de funcionários no Ministério Público (MP) de Gondomar pode adiar o termo da fase de acusação do processo Apito Dourado para o final de 2006. O alerta foi dado pelo procurador titular do inquérito e o próprio Souto de Moura já o fez chegar à Direcção Geral da Administração da Justiça (DGAJ). Em causa está um pedido de dois funcionários em regime de exclusividade para ajudar a despachar o gigantesco processo.
Ainda a propósito da irritação de Sócrates, do discurso do PR e da Mágoa dos Juízes
"Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa."
Um deles está previsto no artº 136º e é o de promulgação e veto.
Reza o mesmo que:
1. No prazo de vinte dias contados da recepção de qualquer decreto da Assembleia da República para ser promulgado como lei, ou da publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela inconstitucionalidade de norma dele constante, deve o Presidente da República promulgá-lo ou exercer o direito de veto, solicitando nova apreciação do diploma em mensagem fundamentada.
2. Se a Assembleia da República confirmar o voto por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções, o Presidente da República deverá promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua recepção.
3. Será, porém, exigida a maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções, para a confirmação dos decretos que revistam a forma de lei orgânica, bem como dos que respeitem às seguintes matérias:
(...)
5. O Presidente da República exerce ainda o direito de veto nos termos dos artigos 278º e 279º.
Provavelmente, tratou-se apenas da observação do principio da economia (processual ) de tempo.
O Sr Presidente faria melhor em não dizer que compreende "a mágoa dos juízes face à redução das férias judiciais"; faria melhor em não dizer que "é neste período que os magistrados põem os processos em ordem";
O Sr Presidente já por certo pensava isso quando não fez qualquer tipo de frente à tão falada tomada de posição quanto às férias judiciais e, nem demonstrou a sua compreensão nessa altura...
Não adianta agora como diz o povo "chorar sobre o leite derramado".
Por outro lado tenho uma resposta, que não é minha a dar ao Sr. Presidente da República, a quem muito respeito, e ao Sr Engenheiro Sócrates:
" Os juízes já estão pouco interessados em discutir o problema das férias.
Quando lá chegarmos, confrontados com os turnos e a impossibilidade de todos terem férias na mesma altura, verificaremos que quase tudo ficará como dantes.
O que nós, juízes, exigimos é ser tratados como aquilo que somos e representamos.
E que fique isto muito claro: não é um desejo negociável, mas uma exigência incontornável."
*
- Conselheiro Nunes da Cruz - no seu discurso no Congresso dos Magistrados.
LEMBRAM-SE?
É só isto.... Mais Nada!!!
Processos de quatro anos surpreendem juiz madeirense
Apelo ao consumo pode acabar na justiça
A comparação feita entre os juízos cíveis portugueses e os tribunais congéneres austríacos, em que cada um dos magistrados tem 150 processos por ano para resolver, remete a análise da situação dos juízos portugueses para a quantidade de processos que existem nas prateleiras dos tribunais que se prendem com dívidas.
Desmaterialização dos recursos
03 dezembro 2005
A frustração de Miguel Sousa Tavares
PGR refém do Governo?
Esta Proposta de Lei, a submeter à aprovação da Assembleia da República, visa estabelecer o processo e os termos pelos quais podem ser futuramente fixados, sob forma geral e abstracta, os objectivos, prioridades e orientações dirigidos ao Ministério Público e aos órgãos de polícia criminal, para prevenção da criminalidade, investigação criminal, acção penal e execução de penas e medidas de segurança.
Juízes e procuradores queixam-se de espionagem informática
A escravatura em números
Finalmente, ainda que trabalhando sobre dados estatísticos de 2002, o estudo do Observatório Permanente de Justiça, do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Coimbra, demonstra como não é possível continuar com o sistema de escravatura que estrangula dos magistrados e os funcionários judiciais. Extractos do "Público" (edição impressa) de hoje:
BUROCRACIA DECORRENTE DA LEI DO PROCESSO
"Uma justiça lenta, burocrática e próxima do estrangulamento total. Com pendências que já ultrapassam o milhão de processos; casos que demoram, em média, quase quatro anos a ser resolvidos (como as falências ou os processos de recuperação de empresas); e com apenas seis dos 144 juízos existentes em Portugal a serem considerados eficientes.
Juízes que, na sua maioria, dizem trabalhar 50 horas semanais e que se queixam de que os bloqueios do sistema (como a falta de eficácia da reforma da acção executiva e o excesso de actos existentes no processo) estão a tornar completamente inexiquível a acção cível em Portugal.
A burocracia é um dos bloqueios do sistema. O Observatório fez uma análise dos processos cíveis e detectou, numa amostra de 709 casos de acções declarativas, que foram praticados mais de 173 mil actos. Mais de metade, no entanto, foram da responsabiliadde dos funcionários judiciais (61 por cento) o que, na opinião dos investigadores, "evidencia a dimensão burocrática da tramitação dos processos". Ainda segundo o Observatório, a preponderância dos actos praticados por funcionários é ainda mais intensa nos casos de dívida e nos relativos a registos e notoriados, onde o seu trabalho representa mais de 65 por cento.
O segundo interveniente com maior participação no processo é, obviamente, o juiz, cuja actividade representa 16 por cento do total dos actos praticados.Na mesma amostra, verifica-se também que a pluralidade alargada de actos praticados no processo é também indiciadora da burocratização e complexidade da legislação processual. "É sintomático do paradigma processual o facto de nos 12 tipos de actos mais frequentes apenas se registar um acto da competência do juiz (despacho avulso)".
ENTRADA DE PROCESSOS AUMENTOU 261% EM 12 ANOS
«A análise da evolução dos processos cíveis (com injunções) entrados no tribunais, entre 1990 e 2002, demonstra um crescimento progressivo, embora com algumas oscilações (em 1995 e 1998 verificaram-se ligeiros decréscimos).
Assim, as estatísticas da justiça revelam que em 1990 tinham entrado nos tribunais 203 mil processos, enquanto seis anos mais tarde o aumento já era de 113 por cento (entraram 432 mil processos).
Por sua vez, em 2002, os números aumentaram para 733 mil processos (representando um aumento de 261 por cento, relativamente a 1990), mas o número de processos findos estava longe de acompanhar o crescimento. Com excepção dos processos de injunção, onde o número de casos findos (225 mil) se aproximava, em 2002, dos processos entrados (232 mil).
Quanto ao número de processos por 10 mil habitantes verifica-se que o crescimento também é acentuado. Nos primeiro anos analisados (1990 a 1995) o número de processos pendentes passou de 290 para os 417 por 10 mil habitantes. Nos anos seguintes (1997 a 2002) o valor mais do que duplicou, atingindo os 965.
As estatísticas da justiça mostram uma forte tendência de crescimento de processos cíveis pendentes a partir de 1992, originando, numa década, uma acumulação de processos superiores a um milhão. Porém, nas acções executivas a tendência alterou-se em 2001 com uma diminuição progressiva dos processos pendentes. Quanto às acções executivas, os processos pendentes aumentaram exponencialmente a partir de 1995, o que pode ser explicado pela ineficiência do sistema no seu tratamento e por uma maior dificuldade na cobrança de créditos.
Qual a duração das acções declarativas e executivas? Nos últimos anos aumentaram as acções declarativas que findaram em menos de seis meses, enquanto diminui o peso, nos processos findos, das acções com duração igual ou superior de cinco anos. Relativamente às acções executivas verifica-se uma diminuição generalizada do peso relativo das acções de curta e média duração e um aumento significativo das acções de longa duração».
ADENDA: A LEITURA DOS FACTOS POR OUTROS [11:00]
«Lendo o artigo que se limita a transcrever dados e citações de um estudo do Observatório Permanente da Justiça, falta saber o seguinte:
- Quando foi iniciado este estudo. Pouco se esclarece sobre isso.
-A que período concreto se refere. Parece ser ao período de 1990 a 2002, mas só a leitura com adivinha pode esclarecer.
E se assim for, entretanto, o que fez o Observatório? Já teve tempo de analisar, em particular, o caos recente com o processo executivo? Não parece, pois não se vislumbra nenhum estudo à vista. Saberá por isso esse Observatório quem é o responsável directo pelo fracasso evidente? É que esta entidade é lesta a apontar demoras...aos outros!
E de 2002 a 2005, aparente data do Estudo, já lá vão três anos, quase tantos como os que demora a resolver uma acção de falência...Por outro lado, quando sai o Estudo sobre a Contingentação Processual? Há quanto tempo anda a ser feito? Demora...será também por falta de meios?!
Enfim, voltando à notícia, mais uma ocasião perdida para colocar um título como deve ser e que poderia bem ser este: Legislação processual complexa e burocrática, torna ineficaz funcionamento da justiça cível.
Seria um título mais correcto, mais consentâneo com a realidade que o próprio artigo refere e que se torna clara ao ler-se : " (...) a pluralidade de actos praticados no processo é também indiciadora da burocratização e complexidade da legislação procesual" .
Porém, com este título, o impacto negativo da notícia, cairia inevitavelmente no poder político.
E isso, mais uma vez se demonstra, o Público não quer informar, claramente, na primeira página. Prefere desinformar, mais uma vez, pelos métodos habituais, atirando as culpas a um nebuloso sistema de "juizos cíveis".
Parabéns, no entanto, à jornalista, por falar no assunto. Se não for a responsável pelo título, entenda-se...»
JOSÉ, IN GLQL (LINK), via Verbo Jurídico blog
Galeria dos Horrores: Gravações em K7
De acordo com o Público, " julgamento do caso da criança encontrada morta numa estação de esgotos da Arrentela, em 1999, em que o município do Seixal foi condenado a pagar uma indemnização, terá de ser repetido porque algumas gravações de testemunhos estão inaudíveis.Em despacho de 21 deste mês, a que Lusa teve hoje acesso, o Tribunal Judicial do Seixal refere que algumas das cassetes que "conteriam o registo de depoimentos prestados em audiência de julgamento não se encontram audíveis", o que "constitui uma irregularidade que cumpre reparar".
Notas:
1. Infelizmente este é o cenário que ocorre na generalidade dos Tribunais do país.
Não por culpa dos senhores funcionários (que - ainda que sem formação específica nesta questão - tão diligentemente procuram adaptar uma tecnologia em desuso há mais de 10 anos, fazendo quantas vezes, fora de horas, duplicação de cassetes áudio que, por sua vez os Secretários de justiça têm dificuldade em encontrar no mercado e que por isso, só de marcas seleccionadas que assim mantêm receitas pela venda de suportes que já ninguém quer) nem por culpa dos Tribunais (que são obrigados a anular julgamentos ou parte deles por deficiência do registo da prova e, consequentemente depois a repeti-los), mas sim pela política de tecnologia que está implementada, da responsabilidade dos sucessivos Executivos e que persiste em resistir à já implantada solução digital, mantendo equipamentos próprios do século passado, que na altura em foram instalados já constituíam o refugo que mais ninguém queria e que agora nem sequer existem peças para a sua manutenção e substituição. Neste cenário, muitos mais julgamentos terão que ser repetidos por deficiência do registo magnético e do seu equipamento, sabendo que tais suportes são dos mais frágeis e susceptíveis de verem o seu conteúdo apagado ou atingido.
2. Por isso - e bem - comenta Francisco Bruto da Costa, in Informática do Direito: "Isto é uma vergonha ! Mas era certamente o desfecho previsível da operação que levou à colocação de equipamentos de gravação nos Tribunais sem que houvesse a formação de funcionários para trabalharem com tais equipamentos; era previsível e entrava pelos olhos dentro que sem um funcionário capaz de tirar partido de todas as funcionalidades do equipamento esse mesmo equipamento iria ser sub-utilizado, em condições deficientes e provavelmente iria ter uma manutenção também deficiente.
3. A propósito, no recente VII Congresso dos Juízes Portugueses, foi apresentada uma solução tecnológica inovadora - Tribunal XXI - desenvolvida pela Microsoft com diversas soluções de gravação áudio e vídeo com transcrição em texto em tempo real, demonstrando já existirem soluções bem concretas para pôr os tribunais portugueses a tirar partido das novas tecnologias. Entre essas soluções, como noticiou a SIC On Line, estão a captação digital de som e imagem nas salas de audiência, para um computador multimédia. A estenografia digital é outra das propostas, para tornar mais rápida a transcrição de depoimentos. Mas, no futuro, a Microsoft admite que essa transcrição poderá vir a ser feita com recurso a software de reconhecimento de voz em língua portuguesa. Mais fácil será pôr os profissionais da justiça a trabalhar com ferramentas informáticas de texto, pesquisa, e gestão electrónica de agendas e marcação de audiências. As ferramentas propostas já existem, a empresa só teria de integrá-las e adaptá-las à realidade dos tribunais.
4. Quanto ao ponto anterior - antes que se tirem conclusões precipitadas, como é apanágio de alguns blogueurs e comentadores - A ASJP solicitou a diversas entidades - não apenas à Microsoft - no sentido de aferir da existência de um sistema que permitisse a gravação imediata em vídeo com transcrição quase imediata para formato texto das audiências ou de quaisquer diligências judiciais. Isto porque o actual sistema (habilus) além de muito amador, não propicia conjugação das tecnologias, designadamente nada se encontrando previsto para a gravação digital das audiências e a sua transcrição sem necessidade de recurso aos bem dispendiosos serviços de empresas de transcrição (como muito bem sabem os Advogados, cujos clientes são obrigados, por vezes, a pagar verdadeiras fortunas para ter a transcrição em texto das gravações das audiências). Apesar das diversas solicitações, quer para empresas com software e hardware comercial, quer para tecnologia livre, apenas uma - a citada Microsoft - acedeu a tal convite. Significa isto que nenhuma foi previamente excluída, antes auto-excluíram-se. Foram desenvolvidas reuniões de trabalho para conjugação das necessidades dos Tribunais e dos seus utilizadores (todos) e das potencialidades tecnológicas.
5. No VII Congresso dos Juízes, sob a estupefacção geral, foi possível demonstrar a operacionalidade da tecnologia, passível de ser instalada já nos tribunais portugueses. Não se trata de uma utopia, mas sim de uma tecnologia desenvolvida e perfeitamente praticável na actualidade. Foi possível observar como a partir das próprias comunicações e discursos que ali decorreram, os mesmos eram imediatamente gravados, assim como transcritos para texto através da tecnologia de estenografia digital, e isto quase em tempo real, com possibilidade de impressão de todo o respectivo conteúdo quase também de imediato. Ou seja, em vez de quatro horas de interrogatório de um arguido com redução a escrito do seu depoimento é hoje já possível reduzir esse período para 30 ou 40 minutos, com imediata disponibilização do respectivo texto impresso no final da diligência, o mesmo sucedendo com qualquer outro acto judicial, com a vantagem de ficar imediatamente gravado em formato digital, passível de após ser distribuído em DVD a cada interveniente ou mandatário.
6. E para quem tiver dúvidas, foi anunciado que irá ser instalado um "Tribunal-Piloto" (em fase demonstrativa e não efectiva) no sentido de permitir demonstrar in loco como tal tecnologia pode ser imediatamente implantada em todos os Tribunais do País, com benefício para os cidadãos, para os mandatários, para as partes, para o próprio Tribunal, com garantia de segurança e fiabilidade únicas. É o projecto "Tribunal XXI".
7. Obviamente que não compete à ASJP instalar tal tecnologia nos Tribunais nem firmar qualquer contrato com a Microsoft. Mas a ASJP, dessa forma, tomou uma iniciativa inaudita - para quem aponta sempre o dedo de nunca propor sugestões - com demonstração efectiva de como pode ser instalado nos Tribunais um sistema que a todos beneficia, com grandes benefícios inclusivamente para o Estado e para os cidadãos que assim podem poupar muitos milhões em cassetes, transcrições e horas de tempo perdido em redução a escrito de tantos actos judiciais.
Competirá ao Governo, a quem o projecto será formalmente apresentado, ponderar sobre a sua implementação nos Tribunais Portugueses ou então manter-se nos amadorismos que tantos rios de dinheiro têm levado das contribuições dos cidadãos (a partir do OE), assim como das custas que todos os que recorrem à justiça são obrigados a pagar por actos arcaicos e tecnologias do século passado. O que não poderá jamais é acusar os juízes, designadamente a ASJP de não terem soluções concretas para melhorar o sistema de justiça. Cumpre ainda salientar que a Microsoft anunciou que disponibilizará ao Governo, caso este implemente o sistema, o respectivo código de programação para verificação de conformidade e permanente observância dos princípios e regras que devem ser cumpridas.
8. Finalmente, cumpre ainda esclarecer, para quem considere que se estaria a beneficiar uma entidade em detrimento de outras, além destas não terem pretendido colaborar, apesar de expressamente convidadas, anualmente o Estado Português paga milhões de direitos autorais de software à Microsoft, já que não há nenhum organismo do Estado que não esteja quase totalmente dependente em termos de informática e do respectivo software desta empresa. E, em termos técnicos, é das poucas que dá alguma efectiva garantia e que não precisa de qualquer publicidade.
9. É que a independência faz-se também com operacionalidade, não com amadorismos toscos, arcaicos, obsoletos e muito mais dispendiosos, mas que - pasme-se! - permanecem e são incentivados com maior investimento, desconhecendo-se as verdadeiras razões e os verdadeiros beneficiados. Os cidadãos e os profissionais forenses é que não são de certeza se o actual sistema não for rapidamente mudado, sob pena de assistirmos a um crescendo de anulações de julgamentos por causa das deficiências dos registos magnéticos, com maior delonga na administração da justiça.
ADENDA (09:00)
Do Correio da Manhã, de hoje, uma notícia que se prende com esta questão:
PROVA MAL GRAVADA ANULA JULGAMENTOS
«O sistema de gravação das audiências de julgamentos “não é seguro, não é fiável, é caro e constitui a principal causa de anulação dos julgamentos de primeira instância”.
Segundo alguns juristas contactados pelo CM, o sistema não tem manutenção, avaria com frequência, as cassetes podem ser desmagnetizadas e, em muitas situações, os testemunhos não são audíveis. Foi precisamente este problema que afectou o julgamento da criança que morreu afogada numa caixa de esgoto no Seixal. Parte dos depoimentos proferidos em tribunal terá de ser repetida.
Rogério Filipe tinha quatro anos e encontrou a morte quando passeava com a família, em Março de 1999. O caso seguiu para julgamento e, em Julho, deste ano, o tribunal condenou a autarquia a pagar uma indemnização. A falha nas gravações do julgamento já havia sido detectada com o depoimento da mãe da criança, mas viria a verificar-se também noutros testemunhos. Se a repetição dos depoimentos originar uma prova diferente, a sentença poderá ser anulada.
BT-GNR CUSTOU 16 MIL EUROS - O sistema de gravação da prova produzida em audiência de julgamento é a regra nos processos penais. São as secretarias dos tribunais que suportam os custos pagando por hora de gravação. Nos julgamentos mais pequenos uma transcrição pode custar 150 euros. Mas num megaprocesso, como por exemplo o da Brigada de Trânsito de Albufeira, com 35 arguidos – 25 elementos da BT e dez empresários – os custos podem ser exorbitantes. Neste caso, a transcrição custou mais de 16 mil euros.
O registo dos depoimentos em cassetes áudio é deficiente e tem-se revelado como a principal causa das anulações de julgamento, por deficiência da gravação.
SEIXAL REPETE DEPOIMENTOS - O tribunal do Seixal não conhece ainda a verdadeira dimensão dos estragos causados pelo sistema de gravação pelo que determinou apenas a repetição de alguns depoimentos. Segundo um dos advogados do processo contactado pelo CM “não está afastada a hipótese de repetir todo o julgamento”. Este problema já tinha sido detectado nas primeiras sessões, facto que obrigou a mãe do pequeno Rogério e repetir o seu depoimento. O tribunal condenou a autarquia a pagar uma indemnização de 250 mil euros aos pais do Rogério Filipe, o menino de quatro anos que morreu em resultado da queda numa caixa de esgoto, em 1999. Um funcionário municipal foi acusado de homicídio por negligência e infracção das regras de construção negligente.
REGISTAR SOM E IMAGEM EM TEMPO REAL - Para evitar situações como a do Seixal, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses está a desenvolver um projecto inovador. Chamou-lhe Tribunal XXI e vai testá-lo dentro de três meses num tribunal piloto sem custos para o Estado. A ideia é registar em suporte áudio e vídeo digital toda a produção de prova, com transcrição em tempo real, mediante estenografia digital. O projecto tem o apoio da Microsoft e permitirá, segundo a associação, uma Justiça mais célere, com menores custos. Evitará as transcrições das gravações dos julgamentos e as despesas que lhe estão associadas. Trata-se de uma solução única a nível mundial, existindo experiências similares apenas nos EUA e no Brasil, mas não tão avançadas. O sistema de documentação, por estenografia digital – no futuro por ‘software’ de reconhecimento de voz – capta toda a decisão podendo ser impressa logo depois de ter sido proferida pelo juiz.
01 dezembro 2005
Multas por imposição superior!
Seixal: Julgamento de caso de criança morta no esgoto tem de ser repetido
Reunião entre o S.F.J. e a D.G.A.J.
«ATRASOS NOS ACTUALIZAÇÕES DECORRENTES DA MUDANÇA DE ESCALÃO
ATRASOS NA CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PARA A APOSENTAÇÃO
EXCESSIVO RECURSO AOS MECANISMOS DE MOBILIDADE
ATRASO NA PUBLICITAÇÃO DO MOVIMENTO DE JUNHO
A QUESTÃO DAS PERMUTAS:
FORMAÇÃO – CONCURSOS PARA ACESSO
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS FUNCIONÁRIOS ADMINISTRATIVOS
DISCRIMINAÇÃO DOS RECIBOS DE VENCIMENTO
FÉRIAS
INVENTÁRIO NOS TRIBUNAIS
Por fim, interpelámos a D.G.A.J. sobre recentes afirmações de Magistrados do Ministério Público, em que afirmam que funcionários têm acesso ilegítimo aos processos, através dos meios informáticos, não sabendo se os senhores magistrados se referem ao I.T.I.J. ou ao D.I.T.
Justiça no Algarve
O Observatório do Algarve foi saber o estado da Justiça na região após o congresso dos juízes portugueses. Entre a falta de independência e de condições de trabalho, o aumento da criminalidade também preocupa . Os processos pendentes já vão em 27 mil.
In OBSERVATÓRIO DO ALGARVE, via Verbo Jurídico blog
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA NÃO PAGA CONTA DO TELEFONE
O Ministério da Justiça(MJ) não pagou a conta de telefone de um tribunal no Algarve, e os julgamentos com videoconferência foram adiados por vários dias.
IBIDEM (LINK), via Verbo Jurídico blog
JUÍZES QUEREM SER RESPEITADOS PELOS DEMAIS PODERES
O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses garantiu hoje que estes profissionais querem atenuar o actual ambiente de crispação no sector, com respeito pelo demais poderes, mas exigiu desses poderes "idêntico respeito".
IBIDEM (LINK), via Verbo Jurídico blog